domingo, 26 de fevereiro de 2012

É preciso nascer e morrer no hospital??

Esse questionamento é feito atualmente por muitos profissionais da área da saúde. Considerando que há centenas de anos as pessoas nasciam e morriam em suas casas, junto de seus familiares, e muito bem obrigada!! Se pararmos para pensar, porque escolher uma unidade hospitalar para dois acontecimentos tão relevantes em nossas vidas??
Em uma gestação saudável, não há motivos aparentes para um parto hospitalar, sendo que a protagnista deste evento é a mulher e não os profissionais de saúde. O parto é um momento único e natural da espécie humana, onde a mulher tende à interiorização, procura a melhor posição, o momento certo, buscando viver intensamente esse momento, e se isso ocorrer em local reconhecido e com o envolvimento de pessoas de seu meio, com certeza este processo será favorecido.
Mas por que então a hospitalização?? Será mesmo necessária tanta intervenção?? Temos que parar de pensar que podemos controlar tudo, neste caso somos meros expectadores!!
E a morte?? E o cuidado paliativo?? Há necessidade de morrermos hospitalizados quando não há mais perspectiva de cura ou tratamento?? É mesmo necessário morrermos num lugar estranho, com pessoas estranhas??
Em primeiro lugar é preciso falar da morte, do morrer, pois somos finitos e esta é a única verdade e certeza que temos. Precisamos entender que falar de morte é compreender que ela pode acontecer e que devemos sim nos preparar para ela, em especial quando alguns indícios à anunciam.
Morrer ao lado de pessoas que amamos, perto das coisas que nos trazem boas lembranças, em lugar que chamamos de nosso, isso sim é sinonimo de humanização.
A desospitalização vem sendo discutida e implementada como processo que diminui o risco de infecções, gastos públicos, aumentam a qualidade de vida e a auxiliam na recuperação do paciente. No entanto para que isso se torne realmente efetivo, familiares e outros sistemas de apoio devem ser envolvidos, orientados, ouvidos e instruídos, considerando que o acompanhamento da equipe de saúde, e nesse caso uma equipe inter e multidisciplinar, servirá de apoio para a família e paciente no enfrentamento da doença.
Desta forma será realmente necessário construir mais hospitais?? abrir mais leitos??
Porque não investir na capacitação e instrumentalização dos profissionais da saúde, para que estes atuem em domicilio e possam acompanhar com segurança pacientes que não precisam estar hospitalizados para tratamento de saúde, que já não possuem perspectiva de cura ou ainda  mulheres em condições de  desenvolver parto domiciliar. Sendo assim  os hospitais teriam sua  intensionalidade definida, ou seja, o atendimento de urgencias e emergencias.
Julgo estes questionamentos de extrema relevância para a melhoria no atendimento no Sistema Único de  Saúde e para a melhora na qualidade de vida da população, destacando a importância inquestionável da atenção básica neste processo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

"A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!"
Florence Nightingale

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Organização e Visibilidade Profissional

     Tema do penúltimo Congresso Brasileiro de Enfermagem em Florianóplis-SC, onde muitos debates e discussões a respeito da profissão Enfermagem foram discutidos, a "Organização e Visibilidade Profissional" ainda é um assunto em pauta.

      Dentre as muitas questões relevantes apontadas durante o Congresso Brasileiro em 2010, a aprovação das 30h semanais para os profissionais da enfermagem ainda tramita no Congresso Nacional, mesmo sendo  a enfermagem um trabalho essencial que integra todo o processo de trabalho em saúde, e corresponde a mais de 60% dos profissionais de saúde no Brasil.

      Desta forma o que está faltando para a aprovação do projeto de lei 2295/00?
    
    Bom, além do entrave com a iniciativa privada, a não participação nas lutas de classe e a própria desunião da classe são as principais responsáveis.

    O COREn SC, na sua atual gestão, não poupa esforços para que a enfermagem seja reconhecida e valorizada, mobilizando os profissionais para que lutem por melhorias na profissão. No entanto diante de um quantitativo tão significante de profissionais são poucos os que se dispõem a participar das manifestações.

    É necessário que a enfermagem perca a sensação de impotância, de incapacidade, de submissão e ganhe visibilidade, respeito e reconhecimento social, no entanto para isso necessita que todos os profissionais estejam unidos, participem e contribuam para a ascensão da profissão.  

    Desta forma desenvolver a autonomia no cuidado, na educação e na organização social e política carecem de atitude, onde a enfermagem deve se reafirma a cada dia como profissional e trabalhador remunerado, deixando de ser apenas um coadjuvante e se tornando um protagonista no dia a dia do seu processo de trabalho.

      Se torna necessário moldar um novo perfil para os profissionais de enfermagem, que reflita a atualização de conhecimentos teóricos e tecnológicos buscando o aperfeiçoamento da força de trabalho e a autonomia profissional e política para que a enfermagem deixe de ser vista como prática caridosa e passe a ser vista como profissão competente e capacitada para exercer seu foco de atuação: o cuidado.

   Um novo marketing pessoal e profissional precisa ser construído e para isso a enfermagem como profissão tímida e ambígua precisa ser substituída por uma enfermagem orgulhosa da profissão que exerce. É preciso ser formadora de opinião e conquistar espaço, lutar pelo acesso a saúde e buscar construir uma assistência de qualidade, com os subsídios fundamentais para que isso aconteça.

     E é através da formação e da união de classe que será possível construir uma imagem profissional positiva, promovendo por meios de comunicação em massa a ação profissional e a aceitação social, buscando o estabelecimento de uma identidade profissional no qual possamos nos orgulhar, e que fragmente e disperse os aspectos negativos que trazemos enraizados em nossa profissão.

      Busca-se desta forma uma categoria unida, organizada e politizada, sendo que para isso não podemos nos excluir do processo político pois continuaremos na invisibilidade, oferecendo nossa força de trabalho sem  o devido reconhecimento e retribuição.

    A aprovação da jornada de 30h para a enfermagem não será somente uma conquista para os profissionais da enfermagem, mais para todos os usuários dos serviços de saúde que receberão um atendimento mais seguro e humanizado.

30 horas já!!!